A vida também tem bons momentos e por muito curtos que sejam temos de os aproveitar.
Este ano as minhas filhas gémeas são caloiras e, como mãe orgulhosa que sou, decidi participar no tradicional Cortejo da Queima das Fitas, após vinte e poucos anos, pretexto que serviu uma vontade há muito adiada.
Os antigos estudantes vão à frente, a abrir o cortejo, com as suas capas e pastas com fitas, gritando de quando em vez o tradicional F-R-A.
Foi um cortejo agradável, visto na perspectiva da linha da frente, com os "velhos doutores" muito animados, a matar saudades dos velhos tempos, tal como eu, e muita música de gaita de foles, bombo, ferrinhos, cavaquinho, boa conversa e muita cantoria!
Ainda eu não tinha feito meio percurso, já as minhas filhas me ligavam a dizer que continuasse, se me estava a divertir, mas que elas iriam para casa, pois tinham sido regadas com cerveja.
Bem, fiquei inicialmente triste, porque elas eram o motivo da minha decisão em aderir ao desfile após tantos anos, mas passado o desapontamento inicial, senti-me feliz e tenho de lhes dar os parabéns, por só gostarem de tomar banho com água e não gostarem de bebidas alcoólicas.
As reportagens têm dado que falar e, antes do cortejo, resolvi ir espreitar o local de partida dos carros e vi os "banhos de cerveja" de que falam as reportagens e a animação dos muitos que neles participam. Cada um bebe do que gosta e cada um faz aquilo que lhe é permitido. Mas...a nossa liberdade acaba onde começa a liberdade do outro...ou já não será assim? Dificilmente consegui romper por entre a multidão, através do chão encharcado e das latas e garrafas de vidro já vazias.
Deixo um R-F-A "com toda a pujança e toda a cagança do fundo do coração" a todos os resistentes, sobretudo aos que não gostam da mudança da tradição, mas que nem sabem que não gostam e aos sóbrios que ainda se conseguem divertir...