Mãe
tens
os olhos mansos
das
lutas de uma vida
os
músculos sem força
e
o corpo entorpecido
mas
o teu sorriso é feliz na dor
e há
força na tua esperança inabalável
que
não sei de onde vem
obrigo-me
a engolir a comoção
perante
a tua imensa fragilidade
a
vida pesa
como
um trapo velho
a
humedecer-nos a memória
e o
tempo
que
escasseia para tanto amor
sabe
a solidão
ao
distante das vozes do pai e da avó
aos
risos da minha infância dormente
à
bolacha esmigalhada com pêssego e banana
ao
não sei quê do tanto que me deste
o
meu coração é grande
mas
não tem força para te pegar ao colo
porque
preciso
mãe
que
me embales outra vez